Não sei nada de biólogo, psicologia ou psiquiatria, mas desconfio que Transtorno Obsessivo Compulsivo, o famoso TOC, seja uma doença que se espalha no ar. Só assim para explicar a preocupação constante com a sujeira que cresceu na sociedade ao longo dos anos. Uma epidemia de higiene, que, na falta de melhor nome, pode ser resumida por mania coletiva de limpeza.
Talvez tenha começado antes, mas o primeiro meio de transmissão desta doença deu-se por inocentes latinhas de bebidas. Eu, que tive minha infância nos perigosos anos oitenta, lembro muito bem que todos tomavam seu refrigerante ou cerveja sem precisar lavar a lata. Bastou uma história sobre não-sei-quem ter morrido não-sei-onde de leptospirose, após beber em uma lata com urina de rato. O mal já estava feito e, desde então, ninguém mais conseguiu tomar seus goles com tranqüilidade se antes não submetesse a lata a um processo de pasteurização.
Com a contaminação crescente, os padrões de higiene precisaram ser elevados a níveis cada dia mais altos. A redução número de microorganismos no sanitário passou a ser questão de segurança nacional. Segundo as propagandas de desinfetantes, os produtos de limpeza usados no banheiro são tão eficientes que, em breve, vai ser mais seguro almoçar usando a privada no lugar do prato.
Mas, o apogeu da epidemia veio apenas recentemente, em forma de álcool gel. Hoje, qualquer estabelecimento de respeito deve ter afixado nas paredes uma borrifador do produto, para manter as mãos dos consumidores constantemente limpas. Suspeita-se, inclusive, que o governo em breve tomará medidas para tornar o álcool gel item da cesta básica e obrigará todos a tomar banhos diários em uma solução gosmenta.
Não há cura conhecida para a epidemia de limpeza, tendo em vista seu agente transmissor é absolutamente invulnerável a qualquer substância conhecida pela humanidade. Mas, se você tiver dinheiro suficiente, pode comprar o mais novo desinfetante, capaz de, com uma única gota, exterminar toda a fauna do oceano atlântico. E, o mais estranho em tudo isso, é que, com toda nossa desenvolvida tecnologia, não consigo enxergar o mundo mais limpo. Mas, devem ser meus óculos, que podem estar sujos.
Por Carlos Goettenauer (Blog Estado Crônico)
Talvez tenha começado antes, mas o primeiro meio de transmissão desta doença deu-se por inocentes latinhas de bebidas. Eu, que tive minha infância nos perigosos anos oitenta, lembro muito bem que todos tomavam seu refrigerante ou cerveja sem precisar lavar a lata. Bastou uma história sobre não-sei-quem ter morrido não-sei-onde de leptospirose, após beber em uma lata com urina de rato. O mal já estava feito e, desde então, ninguém mais conseguiu tomar seus goles com tranqüilidade se antes não submetesse a lata a um processo de pasteurização.
Com a contaminação crescente, os padrões de higiene precisaram ser elevados a níveis cada dia mais altos. A redução número de microorganismos no sanitário passou a ser questão de segurança nacional. Segundo as propagandas de desinfetantes, os produtos de limpeza usados no banheiro são tão eficientes que, em breve, vai ser mais seguro almoçar usando a privada no lugar do prato.
Mas, o apogeu da epidemia veio apenas recentemente, em forma de álcool gel. Hoje, qualquer estabelecimento de respeito deve ter afixado nas paredes uma borrifador do produto, para manter as mãos dos consumidores constantemente limpas. Suspeita-se, inclusive, que o governo em breve tomará medidas para tornar o álcool gel item da cesta básica e obrigará todos a tomar banhos diários em uma solução gosmenta.
Não há cura conhecida para a epidemia de limpeza, tendo em vista seu agente transmissor é absolutamente invulnerável a qualquer substância conhecida pela humanidade. Mas, se você tiver dinheiro suficiente, pode comprar o mais novo desinfetante, capaz de, com uma única gota, exterminar toda a fauna do oceano atlântico. E, o mais estranho em tudo isso, é que, com toda nossa desenvolvida tecnologia, não consigo enxergar o mundo mais limpo. Mas, devem ser meus óculos, que podem estar sujos.
Por Carlos Goettenauer (Blog Estado Crônico)
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