Adeus Bareta, adeus Magassapo
No início desta semana tive uma visão melancólica: Nossos bregas estão em extinção. Isso mesmo! Nossos bregas da parte alta da Bartolomeu estão dando os últimos suspiros. Fiquei triste. Eu, velho freqüentador de puteiros, amigo de muitas quengas, admirador da boemia bregueira e poeta solidário com raparigas e cafetões, senti de modo cruelmente que parte do mundo está se despedindo de mim. Conforme ocorre nessas ocasiões a melancolia logo se instala. Aprendi que quando coisas e pessoas se afastam da gente é porque estão dando sinais de que forças ocultas estão nos afastando do mundo. É um distanciamento esquisito. Tom Jobim dizia que a certa altura do campeonato “a gente começa a ver a vida e as pessoas a certa distância”. O maestro tinha razão.
Conquista tinha tradição de possuir bons bregas. Hoje a coisa está reduzidíssima. Embora eu tenha tomado conhecimento de que “algumas casas” se deslocaram daquele “eixo monumental” para outros bairros e sob outros modelos de funcionamento e gestão. Nunca é demais lembrar que até o final dos anos sessenta nossos principais bregas funcionavam no centro da Cidade. Se não estou enganado, foi na gestão de Nilton Gonçalves que houve deslocamento para aquele trecho alto da Bartolomeu de Gusmão. Mas possuíamos bregas também nas Mamoneiras (cuja casa mais famosa era a de Branca). Na mesma época, na região denominada de Juazeiro ainda podíamos encontrar “algumas casas”.
Conquista sempre foi uma cidade muito liberal, muito tolerante na convivência civilizada de todos os cidadãos e cidadãs. Sejam eles pobres ou ricos todos tem seu lugar no ambiente histórico geo-sócio-econômico da Cidade. Àquela época algumas das nossas moças de programas possuíam status de gente da mais alta consideração e respeito. Desde então nossa sociedade aprendeu a conviver com a presença das “meninas” em um clima prá lá de amistoso. As donas dos nossos puteiros eram senhoras que gozavam de grande prestígio em nosso centro comercial. Lembro-me de uma tarde [eu ainda rapazinho] quando adentrou uma das nossas maiores lojas a lendária Rose Bigode. Sabe quem veio atendê-la? O proprietário. O dono da Loja veio pessoalmente atendê-la e eu, a certa distância, vi o entusiasmo com que ele tratava a grande Rosa. Como a maldade se instala em nosso cérebro desde a mais tenra idade, logo concluí que o empresário devia ser muito bem recebido na casa da famosa cafetina.
Rosa possuía uma casa muito bem freqüentada no Magassapo. Lá também estavam figuras lendárias como Maria Alicie, Nézia, Leontina, Maria Veneno e Zé Bandola. Todas pessoas muito boas e conscientes de sua missão aqui na Terra. Naqueles tempos costumávamos receber muitas meninas “que se perdiam” principalmente em Minas. As moças eram colocadas prá fora de casa e vinham prá Conquista. Era cada moça espetacular. Evidente que havia também algumas que não eram lá grandes coisas, destas a mais famosa era uma rapariguinha meio feiosa baixinha e branquinha (cópia fiel de Cabíria, lendária prostituta do genial Frederico Fellini) a quem a rapaziada logo tratou de dar o nome de Meio Quilo.
Meio Quilo veio a se tornar grande amiga nos anos 80, e se mostrou uma pessoa de um coração maravilhoso. Cheguei a beber muitas cervejas [e conhaques] com ela no Bar do meu amigo Carlinhos. Essas lembranças fazem do nosso ser pessoas mais humanas, compreensivas, sensíveis.
Hoje passo pela Avenida Integração e não vejo mais o cabaré de Lôsa. Cadê o puteiro de Luis Soldado? O de Lôsa, não se sabe por que, antes de acabar virou uma borracharia. A gente chegava lá e as meninas dela, ensopadas de perfume Tabu, vinham nos receber com aquele afeto que se encerra. De entrada pediam logo uma Cuba. Meninas espertas aquelas. Quando o “cabôco” amofinava para pagar a bebida, elas logo concluíam que se tratava de um miserável pão duro ou de um sujeito ruim de alma. Portanto, não iam perder tempo com o tipo. Partiam prá cima de outro e aos poucos iam tomando conhecimento da “clientela”.
Depois “inventaram os castelos”. Sendo os três mais famosos o de Kalú, o de Fiazinha e o de Jandira. Pelo que me disseram, parece que esse tipo de ambiente retornou recentemente com força. Mas não vou dizer onde funcionam, porque posso causar enormes prejuízos a muitas famílias. E o Bareta? Ah, o Bareta era o último estágio para encerrar a boemia. Uma das últimas vezes em que lá estive rolou uma pancadaria numa mesa às nossas costas que foi o maior barato. Estava eu com duas amigas e um amigo que adorava ver “barraco”. A briga rolou na mesa, sem termos recebido nenhum copo de vidro na cabeça. Nunca vi uma arenga tão bem organizada. Como se vê, a boemia e até as brigas naqueles ambientes eram diferentes. Como não sentir saudade desses lugares?
No início desta semana tive uma visão melancólica: Nossos bregas estão em extinção. Isso mesmo! Nossos bregas da parte alta da Bartolomeu estão dando os últimos suspiros. Fiquei triste. Eu, velho freqüentador de puteiros, amigo de muitas quengas, admirador da boemia bregueira e poeta solidário com raparigas e cafetões, senti de modo cruelmente que parte do mundo está se despedindo de mim. Conforme ocorre nessas ocasiões a melancolia logo se instala. Aprendi que quando coisas e pessoas se afastam da gente é porque estão dando sinais de que forças ocultas estão nos afastando do mundo. É um distanciamento esquisito. Tom Jobim dizia que a certa altura do campeonato “a gente começa a ver a vida e as pessoas a certa distância”. O maestro tinha razão.
Conquista tinha tradição de possuir bons bregas. Hoje a coisa está reduzidíssima. Embora eu tenha tomado conhecimento de que “algumas casas” se deslocaram daquele “eixo monumental” para outros bairros e sob outros modelos de funcionamento e gestão. Nunca é demais lembrar que até o final dos anos sessenta nossos principais bregas funcionavam no centro da Cidade. Se não estou enganado, foi na gestão de Nilton Gonçalves que houve deslocamento para aquele trecho alto da Bartolomeu de Gusmão. Mas possuíamos bregas também nas Mamoneiras (cuja casa mais famosa era a de Branca). Na mesma época, na região denominada de Juazeiro ainda podíamos encontrar “algumas casas”.
Conquista sempre foi uma cidade muito liberal, muito tolerante na convivência civilizada de todos os cidadãos e cidadãs. Sejam eles pobres ou ricos todos tem seu lugar no ambiente histórico geo-sócio-econômico da Cidade. Àquela época algumas das nossas moças de programas possuíam status de gente da mais alta consideração e respeito. Desde então nossa sociedade aprendeu a conviver com a presença das “meninas” em um clima prá lá de amistoso. As donas dos nossos puteiros eram senhoras que gozavam de grande prestígio em nosso centro comercial. Lembro-me de uma tarde [eu ainda rapazinho] quando adentrou uma das nossas maiores lojas a lendária Rose Bigode. Sabe quem veio atendê-la? O proprietário. O dono da Loja veio pessoalmente atendê-la e eu, a certa distância, vi o entusiasmo com que ele tratava a grande Rosa. Como a maldade se instala em nosso cérebro desde a mais tenra idade, logo concluí que o empresário devia ser muito bem recebido na casa da famosa cafetina.
Rosa possuía uma casa muito bem freqüentada no Magassapo. Lá também estavam figuras lendárias como Maria Alicie, Nézia, Leontina, Maria Veneno e Zé Bandola. Todas pessoas muito boas e conscientes de sua missão aqui na Terra. Naqueles tempos costumávamos receber muitas meninas “que se perdiam” principalmente em Minas. As moças eram colocadas prá fora de casa e vinham prá Conquista. Era cada moça espetacular. Evidente que havia também algumas que não eram lá grandes coisas, destas a mais famosa era uma rapariguinha meio feiosa baixinha e branquinha (cópia fiel de Cabíria, lendária prostituta do genial Frederico Fellini) a quem a rapaziada logo tratou de dar o nome de Meio Quilo.
Meio Quilo veio a se tornar grande amiga nos anos 80, e se mostrou uma pessoa de um coração maravilhoso. Cheguei a beber muitas cervejas [e conhaques] com ela no Bar do meu amigo Carlinhos. Essas lembranças fazem do nosso ser pessoas mais humanas, compreensivas, sensíveis.
Hoje passo pela Avenida Integração e não vejo mais o cabaré de Lôsa. Cadê o puteiro de Luis Soldado? O de Lôsa, não se sabe por que, antes de acabar virou uma borracharia. A gente chegava lá e as meninas dela, ensopadas de perfume Tabu, vinham nos receber com aquele afeto que se encerra. De entrada pediam logo uma Cuba. Meninas espertas aquelas. Quando o “cabôco” amofinava para pagar a bebida, elas logo concluíam que se tratava de um miserável pão duro ou de um sujeito ruim de alma. Portanto, não iam perder tempo com o tipo. Partiam prá cima de outro e aos poucos iam tomando conhecimento da “clientela”.
Depois “inventaram os castelos”. Sendo os três mais famosos o de Kalú, o de Fiazinha e o de Jandira. Pelo que me disseram, parece que esse tipo de ambiente retornou recentemente com força. Mas não vou dizer onde funcionam, porque posso causar enormes prejuízos a muitas famílias. E o Bareta? Ah, o Bareta era o último estágio para encerrar a boemia. Uma das últimas vezes em que lá estive rolou uma pancadaria numa mesa às nossas costas que foi o maior barato. Estava eu com duas amigas e um amigo que adorava ver “barraco”. A briga rolou na mesa, sem termos recebido nenhum copo de vidro na cabeça. Nunca vi uma arenga tão bem organizada. Como se vê, a boemia e até as brigas naqueles ambientes eram diferentes. Como não sentir saudade desses lugares?
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