BUTECANDO – Por Leonardo Tavares
Que
Conquista tem complexo de ser o Rio de Janeiro eu já sabia. Isso por conta dos
bairros com os nomes: Jardim Guanabara, Cidade Maravilhosa, Cidade Nova,
Ibirapuera, Ipanema, Jardim Copacabana, Alto da Boa Vista e etc... Mas o buteco
de hoje extrapola isso ao máximo. Não pela comida e nem pela bebida, que fica
em outro Estado, e sim por onde o bar se situa. Vamos lá?! Fica ali na Rua
Vasco da Gama, no Bairro Flamengo – Tcharaaam. Rua calma e sossegada, longe do
“trecho”. Se você vier pela Presidente Vargas, vulgo estrada da Barra, vire à
direita, uma rua antes do ultimo quebra-molas, lugar pequeno e protegido por
grades.. Lá, nesse lugar futebolístico e carioca, se encontra a tal Língua
recheada, cerveja gelada e o famigerado Fogo Paulista.
Hoje, na Coluna Butecando (Blogs O Diário do Oprimido, do
Anderson e do Fábio Senna), o Bar do Licinho, que tem como proprietário, e
contador de histórias, nada mais nada menos, que Seu Osvaldo – Mentira – é
Licinho mesmo, e também, sua digníssima esposa, Dona Erbônia (diferente, né?!).
Sem garçom, sem cozinheira, sem pressa. O local conta só com os dois, ele
sempre serve, mas ajuda na cozinha, ela prepara os pratos e petiscos. Dizem as
más línguas – essa palavra se repete, né?! – que Licinho ficou rico e não abre
nem na segunda, nem na terça e, às vezes, nem nas quartas-feiras, mas vá lá,
tente a sorte, o final de semana lá começa na quinta – aí é certeza.
Palmeirense frustrado, mas diz que torce serrano pra não sair da resenha,
sempre papeando, sempre simpático, sempre diz dizendo que foi o primeiro a
vender o tal do fogo Paulista na cidade e te induz a provar. Vá por mim, prove.
Nunca fui lá pra encontrar crianças, mas já
vi casais e roda de amigos, bebendo – Cerveja
gelada, cerveja de buteco – e proseando enquanto aguarda o pedido, quebrando,
mais uma vez, o paradigma de que buteco é lugar só de homem. O banheiro é
unisex e limpo e a cozinha – Ahhhh, a cozinha – é mais limpa que muitas que eu
já conheci por aí, um espetáculo. O balcão é pequeno, mas dá pra juntar com
mais dois e prosear ao som ambiente de um de seus DVDs – MPB, Samba, Love
Songs... – Lá rola de tudo um tico e fora um quadro gigante com um girassol,
que serve como decoração, tem também uma carreira de tampilhas, das garrafas
bebidas, pelas paredes. O lugar é, no mínimo, pitoresco.
Dona Erbônia é uma cozinheira de mão
cheia. E lá não só sai “o de sempre”, ela também aceita encomendas de bolos,
tortas e pizzas – que são o carro chefe do final de semana. Bebidas como Whisky,
Campari, Conhaque estão por lá, mas você tem que tomar uma dose dessas três
coisinhas que eu vou indicar: Leite de Onça – o sabor das antigas micaretas.
Fogo Paulista – efeito condiz com o nome. O Quentão de D.Erbônia, feito,
também, sob encomenda. Sabores diferenciados e altamente chumbantes.
Mas, vamos ao que interessa: peça,
enquanto bebe uma gelosa, uma porção de manjubinhas fritas, você vai gostar. Prima
da piaba e irmã da pitchitchinga, com limão ou molho rose, uma delícia.
Como já disse, lá tem de tudo um
tico, mas viemos pela língua e não nos arrependemos. A língua de Licinho
(risos) vem recheada com temperos e bacon, envolta no papel alumínio, bastante
suculenta. Algo diferente e saboroso, assada e cozida (ou seria cozida e assada?!).
Não vem ao caso, o caso é que existe um porém. Para os mais cheios de não me
toque, geralmente mulheres, a língua é inteira! Isso mesmo! Ou seja, o aspecto
da língua é bastante lingual, no sentido “linguante” da palavra língua (avisei
que repetia). Mas não se acanhe, realmente vale muito à pena, caia de boca na
língua que vem acompanhada com arroz e uma farofinha. Língua é vida.
Faça um tour pelo cardápio e
experimente com a pimenta – O cão no vidrinho. Preços convidativos e porções
generosas fazem parte desse lugar futebolístico, sossegado e – por que não? – carioca em nossa cidade.
O lugar parece um pedaço de nossa
casa onde recebemos amigos pra beber e jogar conversa fora. Pera aí... É um
pedaço da casa. Pedaço onde Licinho e Dona Erbônia têm todo cuidado e zelo para
atender seus clientes. Sabe aquele lema: “Aqui trabalha minha família para
servir bem a sua.”?! Lá é verdade.
Tavares 512
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